quinta-feira, 25 de julho de 2013

Sobre o frio

De todas as coisas que aconteceram até agora, a única conclusão que eu pude tirar e ter certeza de que nunca será abominada, mesmo quando o sol voltar:
É complicado

É complicado viver e lutar pela vida harmônica e sagaz, em que tudo é feliz seja no sol da semana passada ou no frio do começo dessa semana. Estou aprendendo a viver no frio agora

"Nunca vi frio como esse na vida", eu disse hoje pra minha avó e ela retrucou "Ah, já vi piores"
De veras que uma senhora de duas gerações anteriores a minha já sentiu mais frio do que este que paira em SP desde segunda-feira e não pela questão climática em si, mas pela metafórica condição vivida hoje, está frio e eu não sinto a ponta dos dedos dos pés e das mãos, tanto quanto vejo minha cabeça girar 360º durante o dia todo e fervilhar as milhares de hipóteses pra fazer tudo raiar novamente, não depende de mim, tampouco de ninguém. O tempo modificará e se modificará.

Não, estou melhor do que pensava e achava que pudesse estar. Hoje, tenho motivos e agasalhos o suficiente pra não estar sentindo tanto frio quanto eu achei que sentiria. No calor, fui capaz de achar que morreria se visse os 7ºC que chegamos, morreria a qualquer momento e seria uma morte como a dos animais que vivem no pólos. Sinto um calor psíquico de pensar que desde que eu não tivesse sentido frio como agora, aprendi a lidar com algumas coisas, como sobre o quanto é positivo saber não pisar nas poças de água na rua pra não molhar os sapatos e as meias suicidando as pontas dos dedos dos pés. A gente sempre sabe lidar por instinto (ou por aquisição) com momentos que nunca nos ocorreram, ou achamos que sabemos, e eu estou sabendo lidar com o frio. Inclusive acho essa temperatura baixa tão inusitada que gostaria que ela ocorresse assim surrada de vez em sempre, pra vida não perder a graça

Ontem, foi cedo, a caminho do trabalho que uma lágrima escorreu e eu pude pensar sobre o quão divino é a loucura de viver essa possibilidade de mudarem as condições climáticas independente das estações. Isso é uma grande loucura e devemos admirá-la somente por agraciar a vida de um jeito inesperado. Sol e chuva inesperado é sempre um espanto cômico pra quem não escolheu a roupa certa pra receber o sol ou pra quem não estava com o guarda-chuva na bolsa quando começou a cair aquela garoa fina ou aquela chuva insana.

Adorei o frio, adorei mesmo, achei que foi um divisor de águas pra eu conhecer a dádiva de usar meus casacos novos e admirar as pessoas que até mesmo dentro de um transporte coletivo ficam mais sofisticadas.

Posso ver esse frio de uma forma mais benéfica para mim mesma quando eu for viajar para o RS:
Estarei preparada!
Além do mais, não vejo a hora...