quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Quem sabe?

A pergunta que não quer calar: Por que mesmo eu parei de escrever aqui? Não sei. Mas tanta coisa já aconteceu. São 4 anos de diferença da garota que escrevia aqui. Reler esse blog me faz ter uma felicidade muito grande em saber que eu continuo no mesmo caminho pensante de antes. E como é maravilhoso poder me reconhecer há tanto anos atrás, enquanto eu ainda não era mãe e não tinha passado pela intensidade de mudanças que passei.

É bom saber que isso aqui existe. É como se fosse um reencontro com meu eu-lírico que sempre quis ser poeta rimador mas o insight pra isso é muito raro, então foi necessário trocar as prioridades de lugar. bora desenhá

A primeira coisa e mais importante de todas é enxergar meu lado humano nos meus textos antigos. Depois que me tornei mãe, há 2 anos, sei que me perdi em mim mesma desde que o meu filho chegou com toda sua intensidade. É louco quando a gente chega num momento da vida que precisa se autoconhecer para viver, porque você passa a não ter mais necessidade do outro e apenas de si mesmo, você precisa se preencher novamente da sua essência para continuar nos caminhos de vida, sendo útil de verdade e com verdade.

Logo eu, que achava que não sonhava com nada antes, sempre fui muito sonhadora e continuo a ser...
Eu sonhava que faria muitas viagens antes de ser mãe mas não, eu tive diversas experiências libertadoras que me fizeram crescer ainda mais. O legal é que consigo imaginar que ainda posso viajar sim para muitos lugares, mas o que é melhor, agora tenho o meu filho para apresentar o mundo e conhecê-lo junto.

Aliás, eu preciso deixar muito claro o quanto meu filho é a maior graça de Deus na minha vida. Ele me ensina tanto com a sua forma suave e simples de contemplar a vida. É como se eu sempre olhasse pra ele e ficasse agradecendo por toda aquela figurinha espetacular ter saído de dentro de mãe. É a imensidão do amor.

A vida passa a ter todo sentido quando Deus te coloca no lugar de mãe. Ser mulher por si só já é muito difícil, ser mãe é muito mais, mas também é maravilhoso porque te dá muita força e faz com que pequenas coisas sejam suficientes. A necessidade de liberdade passa a exigir responsabilidade e cada milímetro do que se vive é mais significativo, você enxerga o aprendizado te moldando e você passa a se permitir sentir a vida com valor...

Enfim, retornei porque sei que escrever me tira um peso dos ombros e me faz pontuar o que não posso esquecer, então quero poder falar mais sobre minhas experiências como mãe-solo, autoconhecimento e percepção de mundo. E eu só espero que Deus ilumine as ideias com as palavras.

Quem sabe eu num volto MUITO?



Amém.


sábado, 3 de maio de 2014

Ser água

Dedico aos meus amigos que vi na última noitada: Mahyara e Leonardo.

Passamos alguns momentos da vida pensando como louco, tentando agir de forma normal, achando que é a melhor forma de ganhar a vida.
Nós meditamos muito para não chegar a lugar nenhum.
Tivemos todos os anseios necessários para que não tornássemos nossa vida esse marasmo todo, mas só restou todo o marasmo de nossos anseios para que a nossa vida se tornasse alguma coisa que no final de tudo, nem nos faz feliz de verdade.

Esses dias recebi um comentário em uma postagem que falava sobre esvaziar a mente e ser água seja em que recipiente tivéssemos sido colocados, relevando a importância da situação, ser sempre água. E mesmo tendo descoberto que este comentário é um spam de algum malware, eu não descartei. Sempre lembro como se tivesse sido um conselho. Foi Deus? Provavelmente.

Sempre que vou refletir algo de forma escrita, lembro-me de não me tornar garrafa, ser apenas água. Mas em todas as vezes que me prostro a isso é sempre complexo não se confundir e achar que estamos fazendo tudo errado.
Daí colocamos a culpa: capitalismo. Afinal, é mais fácil colocar a culpa no Chaves.

A gente se acomoda muito. Se encosta em pai e mãe. Se acomoda em trabalhar eternamente com o que não nos apetece. Se acomoda com a falta de tesão, com o stress, com arroz e feijão, com amor pela metade. Se acomoda quando a sociedade diz que você precisa de uma coisa que você nem sabe pra que serve.
Se acomoda em ser garrafa. É cômodo ouvir o que é certo e aderir.
Admitir, redefinir, reformular, pensar, é sempre mais complexo e cansativo, logo, deixa para amanhã.

E, daí, no final de tudo, estamos sendo água? Depende das expectativas de cada um. Digo, das expectativas de vida que nos dão nas pesquisas desses caras que nos estatizam com a nossa permissão. Lutamos pelo direito social, mas nem sabemos qual é o nosso direito e dever particular. Não sabemos mais o que nos faz feliz, porque talvez tenham estatísticas demais metendo o bedelho na nossa particularidade, desde que nascemos.

Teremos sempre o que julgarmos merecer. Arrumaremos uma desculpa para tudo aquilo que temos preguiça de mudar. Porque a preguiça realmente é uma das doenças mais mortais da vida humana. Não dá pra ser nada sozinho. A gente sempre acha que precisa de um conforto social, a fim de provar para si, que a vida é muito difícil e que é mais fácil aceitar o gênio difícil que ela tem, do que dizer pra ela que “quem manda nessa porra, somos nós”.

A fim de ser água, meus amigos e eu, ficamos refletindo. Fomos a beira do abismo da vida que pedimos a Deus e voltamos a realidade no dia seguinte.
Que maluco!
É tão difícil começar a ser água. É um monstro interno.
Enquanto a gente não desapega e se encoraja a tecer uma nova capsula, a gente acorda, faz a higiene matinal, pega o busão atrasado e chega no trabalho para retificar que somos pessoas certas e iremos para o céu por isso. Relaxa, tá tranquilo, o céu é o limite. Os apóstolos previram isso antes.

(Eu deveria dizer amém, mas não quero porque ninguém merece.)


domingo, 23 de março de 2014

O Nada e seus "vários" equívocos

A forma como duas pessoas começam: a partir de nada. E terminam: se tornando nada novamente.
A relação amorosa entre duas pessoas é muito confusa para quem vive dentro dela. Pelo menos comigo foi assim em todas as vezes. É muito suspenso da realidade diária, conhecer alguém que vá te enlouquecer de amor e ódio por algum tempo ou todo o tempo. A gente não prevê quando será o momento de sentir o coração estalar, e quando vê, já se foram todas as lágrimas, todo fôlego e todas as idiotices a qual nos prezamos enquanto deixamos de ser nada e ainda não nos tornamos nada novamente.

O processo de amadurecimento do amor é muito óbvio para alguns, e muito equivocado para “vários”. Não se tem uma noção complacente do que é o amor. A gente sabe todas as regras mas ainda sim, nós, “vários”, somos muito egoístas. Nós queremos o nosso direito prevalecido em todas as situações, apenas pela verdade que prezamos enquanto achamos que sabemos de tudo sabendo-se que na verdade não sabemos de nada.

Não só no amor como na vida. A carga de alterego a qual nos prostramos parece ser muito maior do que a nossa capacidade de enxergar a realidade que atinge ao outro como alguém tão importante quanto a gente: o nosso ego, o nosso eu-lírico, presente em toda nossa emoção e razão que invade os outros egos e forma uma espécie de estamos-todos-fodidos-nos-fodendo.
Existe uma inversão de valores tão forte que predomina esses “vários” que chicoteiam o amor em busca de verdades únicas que chega a ser fatídico a existência de mais de 7 bilhões de planetas nesse universo.
A gente diz "não tenha a audácia em enfrentar meus conceitos", mas vive ousando e enfrentando os conceitos dos outros sem o menor bom senso e com a maior cara lavada, porque tem sido melhor ter razão, sob todas as hipóteses. Até ao amor, é melhor ser razão do que ser amor, porque passamos o tempo tentando não sofrer, enquanto já sofremos há tempo suficiente para não enxergarmos que já estamos na chuva nos molhando há tempos demais.

Eu comecei tudo isso para falar não somente sobre nós, egoístas que deslizamos a passamos a amar ou acreditar que amamos outras pessoas, mas para lembrar que desamar é uma parte ruim de querer surgir do nada e acabar em nada, tudo novamente. Principalmente quando a carga de amor depositada foi maior do que o que já foi vivido em todo o tempo.

Existe um bloqueio amador que não me permite renovar as expectativas, porque é muito amador mesmo saber que o amor não acabou junto com a realidade. E talvez eu tenha me tornado muito afetiva para me tornar neutra novamente. Uma ótima experiência do amor na sua forma mais intensa e revolucionária te faz sempre olhar pra trás pedindo mais, mesmo sabendo que isso é uma blasfêmia. Porque carregar consigo uma dose de nada, não existe, teria que não ter amado nada, e não ter vivido o amor de forma nenhuma, e digo mais, piorou se foi bonito do jeito que foi. Teria que não ter sentido nada a ponto de acreditar que o amor não exista para ninguém e que isso seja como tudo que é lúdico e distante.
Desamar alguém é uma tarefa difícil na vida de nós que nunca achamos que precisaremos passar por esse processo, quando crianças, somos colocados na lenha de que contos de fadas podem ser reais. Desamar é um verbo pouco utilizado, embora não existe para alguns, existe e para “vários”, como eu, que já não sabem qual via tomar.
O processo do desamor é tão egoísta quanto o processo do amor, e ele surge do nada, acaba em nada, mas como nada também pode ser uma palavra esperando tradução. Presumo que nada seja uma coisa que não existe na tradução mortal de sua essência. É, acredito que para “vários”, inclusive amigos, tem sido difícil descobrir como acabar em nada, absolutamente nada, sem nada, apenas. Ir vivendo seria solução? Pode ser. Acreditar que começamos em nada e acabaremos em nada nos prontifica a não esperar nada também, de ninguém. A gente rodeia procurando uma coisa que não sabe o que é, e de repente, aparece ou, enfim, desaparece, porque nada não tem explicação como a maioria das coisas e é melhor que seja assim: sem nada.

EXPECTATIVA:


REALIDADE: