A forma como duas pessoas começam: a partir de nada. E terminam: se tornando nada novamente.
A relação amorosa entre duas pessoas é muito confusa para quem vive dentro dela. Pelo menos comigo foi assim em todas as vezes. É muito suspenso da realidade diária, conhecer alguém que vá te enlouquecer de amor e ódio por algum tempo ou todo o tempo. A gente não prevê quando será o momento de sentir o coração estalar, e quando vê, já se foram todas as lágrimas, todo fôlego e todas as idiotices a qual nos prezamos enquanto deixamos de ser nada e ainda não nos tornamos nada novamente.
O processo de amadurecimento do amor é muito óbvio para alguns, e muito equivocado para “vários”. Não se tem uma noção complacente do que é o amor. A gente sabe todas as regras mas ainda sim, nós, “vários”, somos muito egoístas. Nós queremos o nosso direito prevalecido em todas as situações, apenas pela verdade que prezamos enquanto achamos que sabemos de tudo sabendo-se que na verdade não sabemos de nada.
Não só no amor como na vida. A carga de alterego a qual nos prostramos parece ser muito maior do que a nossa capacidade de enxergar a realidade que atinge ao outro como alguém tão importante quanto a gente: o nosso ego, o nosso eu-lírico, presente em toda nossa emoção e razão que invade os outros egos e forma uma espécie de estamos-todos-fodidos-nos-fodendo.
Existe uma inversão de valores tão forte que predomina esses “vários” que chicoteiam o amor em busca de verdades únicas que chega a ser fatídico a existência de mais de 7 bilhões de planetas nesse universo.
A gente diz "não tenha a audácia em enfrentar meus conceitos", mas vive ousando e enfrentando os conceitos dos outros sem o menor bom senso e com a maior cara lavada, porque tem sido melhor ter razão, sob todas as hipóteses. Até ao amor, é melhor ser razão do que ser amor, porque passamos o tempo tentando não sofrer, enquanto já sofremos há tempo suficiente para não enxergarmos que já estamos na chuva nos molhando há tempos demais.
Eu comecei tudo isso para falar não somente sobre nós, egoístas que deslizamos a passamos a amar ou acreditar que amamos outras pessoas, mas para lembrar que desamar é uma parte ruim de querer surgir do nada e acabar em nada, tudo novamente. Principalmente quando a carga de amor depositada foi maior do que o que já foi vivido em todo o tempo.
Existe um bloqueio amador que não me permite renovar as expectativas, porque é muito amador mesmo saber que o amor não acabou junto com a realidade. E talvez eu tenha me tornado muito afetiva para me tornar neutra novamente. Uma ótima experiência do amor na sua forma mais intensa e revolucionária te faz sempre olhar pra trás pedindo mais, mesmo sabendo que isso é uma blasfêmia. Porque carregar consigo uma dose de nada, não existe, teria que não ter amado nada, e não ter vivido o amor de forma nenhuma, e digo mais, piorou se foi bonito do jeito que foi. Teria que não ter sentido nada a ponto de acreditar que o amor não exista para ninguém e que isso seja como tudo que é lúdico e distante.
Desamar alguém é uma tarefa difícil na vida de nós que nunca achamos que precisaremos passar por esse processo, quando crianças, somos colocados na lenha de que contos de fadas podem ser reais. Desamar é um verbo pouco utilizado, embora não existe para alguns, existe e para “vários”, como eu, que já não sabem qual via tomar.
O processo do desamor é tão egoísta quanto o processo do amor, e ele surge do nada, acaba em nada, mas como nada também pode ser uma palavra esperando tradução. Presumo que nada seja uma coisa que não existe na tradução mortal de sua essência. É, acredito que para “vários”, inclusive amigos, tem sido difícil descobrir como acabar em nada, absolutamente nada, sem nada, apenas. Ir vivendo seria solução? Pode ser. Acreditar que começamos em nada e acabaremos em nada nos prontifica a não esperar nada também, de ninguém. A gente rodeia procurando uma coisa que não sabe o que é, e de repente, aparece ou, enfim, desaparece, porque nada não tem explicação como a maioria das coisas e é melhor que seja assim: sem nada.
EXPECTATIVA:
REALIDADE:
É por isso que brilho no olho, calor no peito e eletricidade têm sempre a mesma qualidade, não importa em quais mundos ou com quais identidades e inteligências estamos operando. Na verdade, o brilho no olho é igualzinho em todas as pessoas. Quando paramos e cortamos boa parte dos estímulos mais comuns que nos entretêm e movem nossa energia, o que sobra? Quando ficamos sozinhos, sem relação alguma para nos definir, quem nós somos?
ResponderExcluirAss. DR