sábado, 3 de maio de 2014

Ser água

Dedico aos meus amigos que vi na última noitada: Mahyara e Leonardo.

Passamos alguns momentos da vida pensando como louco, tentando agir de forma normal, achando que é a melhor forma de ganhar a vida.
Nós meditamos muito para não chegar a lugar nenhum.
Tivemos todos os anseios necessários para que não tornássemos nossa vida esse marasmo todo, mas só restou todo o marasmo de nossos anseios para que a nossa vida se tornasse alguma coisa que no final de tudo, nem nos faz feliz de verdade.

Esses dias recebi um comentário em uma postagem que falava sobre esvaziar a mente e ser água seja em que recipiente tivéssemos sido colocados, relevando a importância da situação, ser sempre água. E mesmo tendo descoberto que este comentário é um spam de algum malware, eu não descartei. Sempre lembro como se tivesse sido um conselho. Foi Deus? Provavelmente.

Sempre que vou refletir algo de forma escrita, lembro-me de não me tornar garrafa, ser apenas água. Mas em todas as vezes que me prostro a isso é sempre complexo não se confundir e achar que estamos fazendo tudo errado.
Daí colocamos a culpa: capitalismo. Afinal, é mais fácil colocar a culpa no Chaves.

A gente se acomoda muito. Se encosta em pai e mãe. Se acomoda em trabalhar eternamente com o que não nos apetece. Se acomoda com a falta de tesão, com o stress, com arroz e feijão, com amor pela metade. Se acomoda quando a sociedade diz que você precisa de uma coisa que você nem sabe pra que serve.
Se acomoda em ser garrafa. É cômodo ouvir o que é certo e aderir.
Admitir, redefinir, reformular, pensar, é sempre mais complexo e cansativo, logo, deixa para amanhã.

E, daí, no final de tudo, estamos sendo água? Depende das expectativas de cada um. Digo, das expectativas de vida que nos dão nas pesquisas desses caras que nos estatizam com a nossa permissão. Lutamos pelo direito social, mas nem sabemos qual é o nosso direito e dever particular. Não sabemos mais o que nos faz feliz, porque talvez tenham estatísticas demais metendo o bedelho na nossa particularidade, desde que nascemos.

Teremos sempre o que julgarmos merecer. Arrumaremos uma desculpa para tudo aquilo que temos preguiça de mudar. Porque a preguiça realmente é uma das doenças mais mortais da vida humana. Não dá pra ser nada sozinho. A gente sempre acha que precisa de um conforto social, a fim de provar para si, que a vida é muito difícil e que é mais fácil aceitar o gênio difícil que ela tem, do que dizer pra ela que “quem manda nessa porra, somos nós”.

A fim de ser água, meus amigos e eu, ficamos refletindo. Fomos a beira do abismo da vida que pedimos a Deus e voltamos a realidade no dia seguinte.
Que maluco!
É tão difícil começar a ser água. É um monstro interno.
Enquanto a gente não desapega e se encoraja a tecer uma nova capsula, a gente acorda, faz a higiene matinal, pega o busão atrasado e chega no trabalho para retificar que somos pessoas certas e iremos para o céu por isso. Relaxa, tá tranquilo, o céu é o limite. Os apóstolos previram isso antes.

(Eu deveria dizer amém, mas não quero porque ninguém merece.)


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