quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Parênteses (de nós).

"Era um amor desses que você planeja "para sempres" a todo instante e não o faz por obrigação, faz por necessidade de vê-lo durar uma vida toda.
As discussões sempre iniciadas pelo excêntrico humor dela, costumavam ser angustiantes, e embora na maioria das vezes ela fosse orgulhosa o bastante para ceder depois de já estar soluçando de tanto chorar, ainda havia um motivo pelo qual ela não conseguia dizer adeus, por mais que já não acreditasse que pudesse dar certo. Ela o amava.
Ele era um rapaz de ombros largos com um sorriso marcante que de defeitos aparentes só tinha os cigarros e as amigas. Parecia amá-la e querê-la com uma intensidade única, por mais que ela insistisse em desconfiar sempre, seu sentimento se mantia intacto e cada vez mais gritante dentro de si.
Serviu o café quieta, de maneira que era possível ouvir ele se aproximar. Foi até ela e a cumprimentou com um beijo demorado cortado pelo mau-humor de quem leu ligações de uma amiga dele muito odiada por ela.
– O que essa mulher queria?  – disse encarando as torradas.
– Ela quem?
– Você sabe muito bem de quem estou falando...
– Eu já te disse, ela é só minha amiga, amor...
Ela amava quando ele a chamava de "amor", soava meigo e confortante aos seus ouvidos, até fizera com que ela abaixasse a guarda. Se manteve calada. O silêncio prevaleceu até que fora quebrado por ele.
– Quando você irá entender que é de você que eu gosto?
Ela continuo quieta e em sua cabeça como em todas as acusações diárias só passava em sua cabeça o quão errado era aquele ciúme exagerado e o que este poderia provocar quando ele se cansasse. O medo de perdê-lo era tão forte que sentia uma pressão dentro de si indescritível.
O café da manhã fora tomado em silêncio até ela perceber sem certeza de que os olhos dele estavam metidos em seu decote. Olhou pra ele disfarçadamente, para confirmar. Ele percebeu que ela olhou para ele, mas continuo encarando. Ela ajeitou a blusa e soltou um riso. Ele também riu.
– O que nós faremos esta noite? - disse ele.
– Sugira algo e eu digo se gosto.
– Um restaurante japonês?
Ela titubeou. Fez cara de porre.
– Ah... Pode ser.
– Te pego na saída às 23h? – disse levantando-se da cadeira.
– Isto. Não se atrase. – disse em meio a um beijo apressado dado por ele.

Já eram quase 23h e nada dele aparecer. Era óbvio que sua impaciência lhe deixar a par da possibilidade de um furo, mas era cedo pra se concluir algo.
Estava inquieta, sozinha. Sentia um pouco de frio e um pouco de calor, ao mesmo tempo. Um carro dobrou a esquina, ela só teve certeza quando ele parou ao seu lado e abriu a janela do passageiro e convidou-a para entrar. Foi como naqueles filmes onde o galã convida a mocinha para uma aventura num belo conversível. Óbvio que não era o caso.
Ela entrou no carro e o cumprimentou com um beijo demorado, jogando a bolsa para o banco de trás. Ele tratou de conferir se ela estava bem, que respondeu positivamente e os dois partiram rumo ao restaurante japonês que já era de praxe na vida do casal. Pra variar, o restaurante estava transbordando de gente e eles opitaram por um bar qualquer ali perto. 
Chegaram. Entraram e se sentaram numa mesa no canto do enorme restaurante. Um ao lado do outro. Antes que pedissem algo, ele acendeu o cigarro. Ela discordou.
– Por favor, apague isso...
– Preciso relaxar. Deixa? Só esse? – ele pediu como um cachorro que pede algo que você está comendo.
– Tudo bem... Só esse. – ela concordou, colocando a mão em sua coxa até que a garçonete se aproximasse e entregasse o cardápio.
Os dois analisaram juntos, aquele cardápio velho que mal dava para enchergar algumas palavras e não demorou para que concluissem em coro.
– Fritas!
– E para beber? – questionou a garçonete enquanto anotava o pedido na comanda.
– Duas cocas com limão. – disse ela antes que ele sugerisse alguma bebida alcoólica.
A garçonete olhou para ele esperando uma confirmação.
– É... Pode ser. - soltou um sorriso forçado para a garçonete, enquanto cutucava as pernas de sua namorada por debaixo da mesa que não se conteve e soltou uma risada.
Enquanto o pedido não chegava, os dois conversavam sobre os assuntos mais aleatórios em meio à abraços e beijos apaixonados. As fritas chegaram pouco depois das cocas com limão e agora, eles comiam e conversavam sobre sabe-se lá o que. Ela ficou um tanto brava quando uma garçonete corpuda passou a lado do casal e ele secou de leve a bunda da garçonete. Compensou com um tapa, que levou a risada dele e a cara feia dela.
Aquele momento era típico de um casal que apesar de brigar quase que diariamente se amava e não precisava viver nenhum súbito desencontro pra descobrir que eram fundamentais um ao outro, e que embora ambos tivessem seus defeitos conflitantes se queriam mais do que qualquer outra coisa e sentiam uma necessidade de permanecer vivendo um pelo outro, por muito tempo.
O dia foi finalizado no apartamento deles dois, regado de um bom conhaque que arrancava a sobriedade de ambos, dando lugar a amassos quentes e apaixonados.
Estes eram Lisa e Garrett." 



Metida à romancista. Esta é uma das poucas estórias que eu realmente gostei de ter escrito, apesar da pieguisse, da redundância e da superfluidade. Sou super leiga nisso ainda então me perdoem caso tenha ficado super ruim, eu vou me aprimorar. Enfim.

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